Em terras Incas: Viagem à Bolívia e Peru 7° dia

De Coroico  à Puno 

Olá pessoal!

Como não temos café da manhã no hostel, o jeito é pegar a estrada e tentar encontrar algo no caminho...

Este estava no caminho ☺☺☺

Paramos para ir ao banheiro... e vocês não vão querer ver o banheiro ☺☺☺☺☺☺☺
Se paga 1 sole por pessoa para utilizar.

Depois de ver e tentar usar o banheiro nem quis comer nada por ali. Esta parada fica bem onde entramos para fazer a "Estrada da Morte".

Daqui, a gente refaz o caminho até La Paz...

... passando por El Alto...

... e de volta a estrada, seguindo para Tiahuanaco.

Encontramos este "mirador" às margens da ruta. Paramos para tomar nosso café e, na falta de um local apropriado, vamos de barra de cereal mesmo!

Linda vista!

Chegando em Tiahuanaco

Tiahuanaco (Tiwanaku) é uma das joias da América do Sul, é um sítio arqueológico pré-colombiano, (período anterior a chegada dos espanhóis e portugueses). Há muitos mistérios e teorias sobre o lugar, o que faz de Tiahuanaco uma das civilizações mais importantes e intrigantes do mundo. Segundo estudos, esta civilização teve seu auge entre 500 e 900 d.C., mas há indícios que sua origem foi por volta de 400 a.C. Ainda há outros vestígios que apontam que Tiahuanaco tenha sido formada por volta de 1500 a.C. Uns a consideram tão incrível e misteriosa quanto as Pirâmides do Egito.

O ingresso ao sitio custa 100 bolivianos por pessoa e você tem direito a visitar todo o complexo arqueológico (incluindo Pumapunku).

Tiahuanaco está a 3.870 metros acima do nível do mar, próximo ao lago Titicaca, no altiplano boliviano.

É considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO, sendo administrada pelo governo boliviano. O lugar, que ainda passa por processo de escavação, encontra-se em bom estado de conservação, mesmo tendo sido saqueado e sofrido nas mãos dos espanhóis na época da colonização.

Existe uma polêmica que ronda as ruínas de Tiahuanaco: alguns estudiosos dizem que Tiahuanaco antecedeu à civilização Inca. O questionamento já se inicia pela localização, porque o local é totalmente fora de propósito, já que a região é tão árida, sem vida, que não faz sentido uma megacidade ter sido construída naquele espaço. Outros reforçam que Tiahuanaco foi erguida às margens do oceano e que a cidade é muito mais antiga do que podemos imaginar. Para se ter ideia, uns falam que essa civilização fez parte do antigo continente ( não da Europa, mas sim, da Atlântida).

Pirâmide Akapana

Essa pirâmide está bastante deteriorada, passou por um processo de restauração, mas teve sua reconstrução interrompida pela Unesco. A pirâmide possui 7 plataformas e tem uma altura aproximada de 18 metros. Estima-se que o local era um lugar de adoração, já que existia uma cruz andina na parte superior da pirâmide. A verdade é que os espanhóis destruíram o monumento à procura de ouro. Uma pena...

De cima da "piramide" tem-se uma vista total do Templo de Kalasasaya (ao fundo).

Templo Kalasasaya e Templo Semi-Subterrâneo

Portal do Templo de Kalasasaya 

É o mais antigo templo de Tiahuanaco. É uma área enorme, com tamanho aproximado de um estádio de futebol. Segundo pesquisas, esse local era uma espécie de observatório celestial e um dos seus objetivos era estabelecer, com precisão matemática, as estações do ano. O lugar é interessante. O termo Kalasasaya significa “Lugar das Pedras de Pé” ou “Templo das Pedras Paradas”. O mais incrível é que o Templo de Kalasasaya foi construído por volta de 15.000 a.C. O lugar carrega muito mais mistério, além de diversas outras teorias.

Templo Semi-Subterrâneo

É um espaço que está a 2 metros abaixo do nível do solo. Foi descoberto somente em 1903 e possui muitas curiosidades. O que mais chama a atenção são as 175 cabeças, todas encravadas nas paredes. Parece até uma cena dos filmes de Indiana Jones. As faces são diferentes umas das outras, dividindo teorias sobre o motivo de tanta diferenciação, já que elas deveriam ser parecidas. Essa área tem muitas curiosidades, como um sistema perfeito de drenagem, desenvolvidos através de canais de pedra, com um declive perfeito de 2% que funcionam até hoje.

O acesso ao Templo Kalasasaya fica do lado oposto ao Portal e a gente passa por esta lateral, com estas pedras perfeitamente encaixadas... onde também se pode verificar o sistema de drenagem do templo.

Monólito Ponce

 

O Monólito Ponce, está dentro do Templo de Kalasasaya, possui 3,40 metros de altura e é uma escultura de um único bloco. O monumento chama a atenção não somente pelo tamanho, mas também pelos detalhes. Há muitos desenhos esculpidos, diversos ícones e símbolos. E claro, há muitos significados em cada detalhe.  É impossível admirar esse monólito sem imaginar mil coisas, sem pensar em como foi esculpido, como e quem o fez. É mesmo muito incrível.

Monólito Fraile

Este é outro grande monólito de Tiahuanaco: Monólito Fraile. Foi construído em arenito, diferente dos outros monumentos. Presume-se que representa um sacerdote ou uma grande personalidade.

O maior mistério são seus ornamentos, que mostra uma série de caranguejos esculpidos em seu cinto. O monumento também é chamado de “Deus da Água”. Vale lembrar que Tiahuanaco está a 3.870 metros de altitude, extremamente distante do mar, e no lago Titicaca não há crustáceos.

Porta do Sol

É o monumento mais famoso de Tiahuanaco e está bem no centro da cidade histórica. 

Embora não pareça, é uma peça única e pesa aproximadamente 12 toneladas, sendo formada pela rocha andesita. Ela está rachada na parte superior e dizem que foi por consequência de algum forte terremoto. Suspeitam também que nos buracos laterais possuíam preenchimento em ouro, mas que teriam sido roubadas pelos espanhóis no período da colonização.

Mais curioso ainda, são os desenhos esculpidos na parte superior, formando possivelmente um calendário. No centro, uma figura segurando um cajado de cada lado, que parece estar chorando. É conhecido como “O Deus Que Chora”.

Esse portal é um grande ícone para o Bolivianos e representa muito para eles. Tanto é que há muitas obras de artes, de artistas renomados do país, que utilizaram o portal como objeto de inspiração para a criação de suas obras.

Bem, concluída a visita na área externa (acabamos esquecendo de ir conhecer a 'porta da lua' - fica para a próxima), vamos ao museu. Optamos por não ir ao Museu Cerâmico e fomos direto ao Museu Lítico.

O museu está repleto de esculturas mas não é permitido fotografar...

Este museu "guarda" o monólito mais impressionante: Pachamama ou Bennet (nome do arqueólogo que o descobriu em 1933).

O Monólito Bennet é o mais imponente de todos os monumentos. Ele também é conhecido como Monumento Pachamama. É o maior de todos, possui 7,30 metros de altura e 18,5 toneladas. Foi descoberto em 1932 durante uma escavação no Templo Subterrâneo, já rodou vários lugares da Bolívia, mas em 2002, voltou para Tiahuanaco e ganhou um lugar especial.

Conversei com o senhor responsável pela segurança do local e pedi se poderia tirar uma foto de fora da sala e ele permitiu...

É espetacular!!!

Aproveitei e tirei uma foto na entrada de outra sala...

Daqui seguimos para Pumapunku, dando uma passadinha no centro da cidade de Tiahuanaco primeiro...

PumaPunku

Pumapunku significa “A Porta da Puma”  e faz parte do gigantesco complexo de templos em Tiahuanaco. 

Olhando para Pumapunku  não dá para imaginar como tudo foi construído por uma civilização que ainda não tinha algumas tecnologias essenciais, como a roda. Os cortes são precisos, os ângulos das pedras são retos e os blocos parecem terem sido cortados com equipamentos elétricos. No entanto, testes de carbono apontam que a construção deve ter ocorrido entre 300 d.C. e 500 d.C.

Atualmente, Pumapunku conta com uma estrutura aparentemente bagunçada, mas não é proposital. Pesquisadores acreditam que a estrutura das pedras fez com que o local se tornasse fonte para saqueadores, pois o material existente ali seria forte o bastante para a construção de diversas estruturas.

Há relatos de viajantes feitos há cerca de 400 anos e mostram que grandes rochas do local estavam sendo roubadas para a construção de casas e igrejas em um vilarejo próximo. Acredita-se que Pumapunku foi originalmente construída de forma ordenada, embora até hoje não tenha sido encontrado qualquer plano de montagem.

Pumapunku foi construído com pedras de cerca de 130 toneladas, sendo que todas teriam sido extraídas da margem oeste do Titicaca, algo que exigiu o transporte das rochas por cerca de 10 km.

No entanto, ao observar atentamente os detalhes de grandes blocos de rocha, pesquisadores encontraram espaços que serviriam como apoios para a fixação de cordas, possivelmente utilizadas para arrastar as gigantescas pedras.

Com teorias sobre a locomoção em mãos, os cientistas então contam com outros problemas para resolver, como a modelagem das pedras. Enquanto alguns estudiosos acreditam que seres de outros planetas teriam descido à Terra com equipamentos a laser, arqueólogos acreditam que algumas marcas, embora muito precisas e praticamente perfeitas, tenham sido criadas de forma mais modesta.

As pedras são de arenito vermelho e andesito. Enquanto o arenito é uma pedra relativamente macia e fácil de ser moldada, o andesito (embora extremamente duro) é facilmente descascado com o uso de outras pedras, especificamente as com resistência superior a 5 Mohs, que são abundantes no local.

Quem quer que tenha construído Pumapunku, abusou de formas geométricas e superfícies polidas, o que parece não ter sido feito por uma antiga civilização. No entanto, cientistas acreditam que eles utilizavam métodos bastante simples para isso. Com pedras duras, eles criavam depressões nas rochas, enquanto a areia era utilizada para “moer” a rocha, criando o polimento. A areia tem partículas tão duras que são capazes de nivelar até mesmo as rochas mais resistentes já conhecidas pelo homem.

Embora os estudos não sejam uma prova concreta, arqueólogos descobrem em Pumapunku uma nova possível resposta a cada exploração. As teorias de envolvimento com alienígenas já não são mais aceitas como eram até alguns anos atrás, mas ainda há muito a ser explorado no local e alguns mistérios ainda não foram esclarecidos. 

Assim nos despedimos de Tiahuanaco...Seguimos agora para a fronteira com o Peru.

Assim que saímos de Tiahuanaco, já conseguimos visualizar o Lago Titicaca

Desaguadero - Bolívia

Entramos na cidade e seguimos para a fronteira...

Descobrimos que não era aqui que teríamos que fazer os trâmites, tínhamos que dar a volta, sair do centro e retornar à rodovia, pois tinha um controle integrado.

Meio complicado achar, sem muita informação na ruta

A aduana integrada no Peru é MUITO organizada, bem controlada e segura. Entramos por um portão, onde é feito um controle inicial, anotando placa do veículo e piloto. Dali eles encaminham para onde deve-se ir a seguir. Entramos, fizemos a entrada no país (foi super tranquilo e rápido). Eu fui liberada e o Aires teve que fazer a entrada do veículo.

Saí por uma porta lateral e fiquei aguardando os trâmites da moto. A aduana conta com ótima estrutura com banheiros limpos e cheirosos, uma grande área para estacionar... Nada comparado com o que vimos em outras aduanas.

Na saída, um novo controle... Tanto no atendimento migratório, quanto nos outros trâmites, fomos muito bem atendidos... Bienvenidos al Peru!

Entrando em Desaguadero - Peru

Fomos informados na aduana para fazermos o SOAT aqui e fomos atrás disso

A maioria do comércio estava fechado, foi aí que descobrimos que até bem poucas horas atrás havia uma manifestação nas ruas e a cidade, praticamente, parou.

As ruas estavam bloqueadas com pedras e blocos de concreto, vimos alguns caminhoneiros passando e desobstruindo a passagem...

Aqui é o outro lado daquela placa de saída da Bolívia...

Por conta da manifestação, este foi o único lugar que conseguimos e ainda por cima, não estava fazendo o SOAT.

Sabemos que se formos parados na ruta sem o SOAT, corremos o risco de ter a moto apreendida, mas não tinha o que fazer, pretendíamos chegar em Puno. Então, seguimos torcendo para não sermos parados.

Um pouco antes de chegarmos em Puno, havia um posto de controle na rodovia... Pensamos: "danou-se"

Pediram documentação, passaporte, etc. Estava esfriando, pois já era final do dia, e eu um pouco preocupada com o que iria nos acontecer. Os policiais foram atenciosos e simpáticos. Aires falou da manifestação e que não havia encontrado local para fazer o SOAT. Compreenderam e disseram que estavam cientes do ocorrido e que quando isso acontece, a cidade pára.

Aires pediu se conseguiria local para fazer em Puno e disseram prontamente que sim. Falo por mim: fiquei impressionada com o atendimento e gentileza deles. Até conversaram sobre a copa conosco... rimos do fato do Peru e o Brasil terem voltado para casa mais cedo... ☺

Finalmente chegamos em Puno. Já era noite, um movimento daqueles, ruas estreitas, muitos ônibus e vans transitando. Depois de rodar à procura de hotel (a maioria estava lotado), encontramos um com preço justo e ficamos ali mesmo. Até aqui, foi o melhor hotel em que ficamos. Havia até um tanque de oxigênio na recepção e chá de coca à vontade (como já havia passado mal em Oruro, achei ótimo e fiquei despreocupada).

Dia cheeeeeeeeeeeeio, só queria saber de um banho e de correr conectar a internet para falar com as crianças, visto que havíamos falado com eles no dia anterior, pela manhã. Depois de entrar em contato e explicar que em Coroico não havia internet, saímos à procura de comida...

O hotel fica próximo a uma praça e nas proximidades tem um "calçadão" com vários restaurantes e lojas de "regalos".

Região bem protegida... ☺

Paramos em um restaurante e comemos 'carne de alpaca' com quinoa e verduras e conhecemos a famosa bebida "chicha".

Chicha é um refresco tipicamente peruano feito com o milho de cor roxa, o 'maiz morado', fervido com especiarias e frutas e depois adoçado a gosto. É servido sempre frio ou gelado. Neste restaurante havia a chica com maracujá e a chicha morada. A atendente trouxe 2 copos, um com cada sabor para experimentar. Escolhemos a morada, lembra suco de uva.

Foto da internet

Depois de jantarmos, fomos passear pelo calçadão e, é claro, fazer umas comprinhas...

Este artista nos apresentou o seu trabalho (e o de outros pintores) e gostamos bastante.

Esta tela, que ele diz ter pintado, nós compramos. Pagamos 80 soles por ela. Ele acondiciona em um tubo de papelão, fica bem protegido e chegou inteirinha em casa. Já está emoldurada!

Ao retornar ao hotel, Aires fechou um passeio, para a parte da manhã, pelas ilhas de Uros oferecido na recepção. É isso aí, vamos encerrar por hoje e deixar um pouco para amanhã...


Até a próxima!



Por Patrícia Pilonetto



Pernoite em Puno  Hotel Casanova Plaza - US$ 45,00 com café da manhã + 2 soles de garagem
Ruínas de Tiahuanaco: 100 bolivianos por pessoa

Total percorrido: 380 Km

Fontes de pesquisa: https://www.seumochilao.com.br/cultura-tiwanaku-tiahuanaco/

https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/36500-puma-punku-misteriosas-ruinas-milenares-parecem-obra-da-engenharia-moderna.htm